domingo, março 20, 2016

Lava jato do Brasil para Moçambique? Não, obrigado...

...como disse o autor do impeachment contra Fernando Collor de Mello, em 1992, o ex-bastonário da Ordem de Advogados Brasileira, Marcello Lavenère, que esta agora a defender Dilma, e Lula por arrastamento: “Gostemos ou não dela, não há qualquer crime que ela tenha cometido, daqueles previstos e que está sujeita a perder o cargo. O que não se pode é inventar uma razão para tirá-la da Presidência. A oposição actua contra ela desde sua eleição e aposta naquela história do que se candidata, não se elege; se eleita, não toma posse; se toma posse não governa”.
Eh a política do bota abaixo, que no nosso caso corresponderia a um bota abaixo dentro do Partido Frelimo, uma caca as bruxas entre as elites da luta de libertação, que ninguém, cremos, apoiaria no actual contexto de crise económica e instabilidade política. Moçambique precisa de uma Frelimo coesa para cumprir o mandato confiado pelos eleitores. No nosso caso, com as devidas proporções, uma operação lava jato teria efeitos por ventura mais nefastos na sociedade. Uma fractura no partido originaria uma constelação multipolar de facções, descambando para uma ruptura da unicidade do Estado (um das pretensoes da Renamo). Uma fractura no partido levaria o pais a uma crise sem precedentes, uma crise por cima doutra que deve ser resolvida urgentemente: a crise da paz podre em que vivemos. Quer se queira quer não, a Frelimo eh ainda um instrumento fundamental para a manutenção de nossa unidade nacional. (...)
Temos de arranjar outra forma de tratar dos nossos problemas de integridade. Queremos Justiça forte e impiedosa? Sim. Mas o contexto favorece uma certa arqueologia dos atropelos ao bem público? Talvez não. Então, marquemos uma divisória, uma certa amnistia, e partamos para um novo quadro de tolerância zero onde outras lava jatos possam tomar lugar sem o potencial de desestruturar os já frágeis alicerces da nossa estabilidade política. (...)

Excertos do Editorial do Jornal Publico, na sua edição de amanha.

Fonte: Mural de Marcelo Mosse – 20.03.2016


P.s. Marcelo Mosse diz que são apenas excertos do editatorial a ser publicado amanhã. Daí, há muita ânsia para ler o texto na íntegra.

Sem comentários: